16 julho 2023 por Tatiana

 

Entender conceitos básicos na especialidade da neonatologia equina é preciso!

Digo isso pois a pouco tempo atrás esta área de atuação, encontrava-se um pouco subestimada, mas assim como todas as especialidades dentro da medicina veterinária, hoje ela vem alcançando o espaço merecido e despertando interesse por parte dos médicos veterinários, estudantes e proprietários que visam melhores resultados em suas criações de equinos. Atrelo este crescimento ao investimento genético e desta forma financeiro, que tem sido realizado no mercado equestre, e que é concretizado no momento que temos a confirmação da prenhes e/ou embrião. Devemos considerar que a neonatologia é composta por cinco pilares importantes e que demandam cuidados específicos e muito distintos entre si: égua gestante, parto, neonato, ambiente e mão de obra.

A área da perinatologia, vai muito além da confirmação embrionária que ocorre geralmente em torno do 12° ao 15° dia de vida. É importante estabelecer protocolos específicos com a égua gestante, no intuito de prepara-la para a gestação e estabelecer cuidados durante o período gestacional, através do manejo sanitários, cuidados nutricionais e avaliações ultrassonográficas durante o período gestacional, para que assim possamos identificar patologias que possam estar ocorrendo durante este período e irão causar prejuízos como abortamentos e potros natimortos.

No momento do parto, eventos sincrónicos e orquestrados pelo relógio irão garanti a taxa de sucesso com os nascimentos e as primeiras 8 horas de vida. Entender a dinâmica do parto, saber quando intervir e como intervir é crucial tanto para a égua quanto para o neonato.

 

O terceiro pilar, é o neonatal, e este inicia-se no momento do parto e estende-se em média até o primeiro mês de vida. Devemos lembrar que o neonato que estava no ambiente intrauterino, agora precisa se adaptar a novos desafios relacionados ao ambiente extrauterino, assim como seu organismo, sendo capaz de fazer adaptações no sistema cardiorrespiratório, musculoesquelético, digestivo, neurológico, renal, hepático e imunológico. É de suma importância que o neonatologista possa trabalhar com informações de como foi o parto (duração e intercorrências), qual a pontuação estabelecida ao índice APGAR (adaptado para neonatos equinos, onde avalia-se parâmetros de atividade como tônus muscular, mucosa, pulsação, resposta a estímulos, avaliação e respiração), em quanto tempo a posição esternal foi adotada, assim como o tempo para levantar (1 hora), mamar (2 horas) e iniciar a eliminação do mecônio. Verificar a transferência de imunidade passiva, estar atento a assepsia do coto umbilical, e definições frente a sinais de imaturidade neonatal, são protocolos a serem adotados e muito importantes para definir estratégias de acompanhamento neste período.

E porque iremos incluir como pilares básicos da área a questão do ambiente e mão de obra? Sua escolha e definição em relação onde a égua gestante irá parir pode ser determinante para a taxa de sobrevida daquele futuro potro. O ambiente que chamamos de maternidade, seja composto por baia ou piquetes, deve ter algumas. A setorização dentro das propriedades, a capacitação dos colaboradores que irão trabalhar diretamente com a classe e o apoio de médicos veterinários farão a diferença na taxa de mortalidade da criação.

 

Chegou a hora de quebrar paradigmas, a “regra de ouro” da neonatologia é não esperar o problema acontecer, compreender que a área de atuação do médico veterinário vai muito além do papel] emergencialista no qual temos atuado. Quando associarmos que na área neonatal a atuação na prevenção a afecções é importante, poderemos exercer um papel mais responsável que permitirá termos cada vez mais potros vivos e viáveis para se desenvolverem e serem atletas nas diversas modalidades esportivas equestres que atuamos.

Te espero aqui no próximo conteúdo, nós podemos desmistificar a neonatologia equina.